Após 64 anos, este
ano (2014) o Brasil está sediando novamente uma Copa do Mundo de Futebol.
Chegamos as vésperas do evento, o que vemos é um país com estádios luxuosos,
porém muito longe de se tornar uma nação de primeiro mundo, corremos contra o
tempo e conseguimos com muia luta e investimento vindos boa parte de dinheiro
público, cumprir os prazos e qualidade estipulados pela Federação Internacional
de Futebol, FIFA.
Para sediar um
evento desse porte, estima-se que o Brasil
investiu cerca de R$ 36,4 bilhões,
sendo R$ 12,7 bilhões em transportes
e mobilidade, R$ 7,2 bilhões em
reformas e construção de novos estádios e R$5,3
bihões em modernização dos aeroportos. Do mesmo modo, acredita-se que a
Copa do Mundo de 2014 trará ao país um lucro de R$ 183 bilhões para a economia entre 2010 e 2019. Aliado a esses
números, está a expectativa de geração de 700 mil empregos, permanentes e
temporários, para os mais diversos setores – obras, turismo, hotelaria e
comércio.
Observando apenas
os valores de investimento e retorno, a realização de um evento como este só
nos traz benefícios. Mas, o fato é que existem, no Brasil, inúmeros problemas
de desenvolvimento em infraestrutura, educação, cultura, saúde, meio ambiente,
entre outros, que ultrapassam a visão dos benefícios econômicos e que devem ser
avaliados. Receber uma Copa do Mundo, ou os Jogos Olímpicos, é colocar os olhos
do planeta em nossa direção, mostrando nossa cultura e nosso desenvolvimento,
mas também nos tornando vulneráveis as exibições dos nossos problemas, como a
falta de segurança pública.
Uma parte da
população diz ser contra a realização da Copa do Mundo no Brasil por
acreditarem que o dinheiro gasto para a realização do evento poderia ser
investido em vários setores do nosso país, já que muitos possuem um alto nível
de precariedade. Além disso, o excesso dos gastos públicos pode repetir o
episódio dos Jogos Pan-americanos de 2007, inicialmente orçados em 500 milhões
de reais e estima-se que tenham consumido quatro bilhões de reais.
Poucos países são
capazes de organizar uma Copa do Mundo sem ajuda dos cofres públicos. Os
Estados Unidos conseguiram o feito porque toda a infraestrutura já estava
pronta. No caso do Brasil, parte da verba virá dos cofres da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), mas os gastos com infraestrutura das cidades onde
acontecerão os jogos serão por conta do estado, ou seja, serão bancados com
dinheiro público que vem dos nossos impostos.
Ocupando a 84ª
posição entre os 187 países avaliados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
e com quase 10% da população analfabeta, o Brasil poderia usar os 36 bilhões de
reais a ser investidos na Copa para solucionar demandas mais urgentes, como as
áreas de educação e saúde pública. Para ilustrar, com esse valor, seria
possível construir mais de 400 hospitais-escolas.
Copa é muito mais
do que construir novos estádios. São essenciais melhorias urbanas como expansão
de linhas de metrô, novos aeroportos e estradas, aumento e qualidade da rede
hoteleira e das comunicações. Mas agora, exceto por algum fato excepcional,
sediaremos a Copa do Mundo em 2014 e precisamos continuar correndo contra o
tempo e torcer para que toda a estrutura criada para o evento se torne herança
para o nosso país.
Fonte: Blog do Janguiê