É um costume dos adolescentes se reunirem em
shoppings para passear. Mas quando centenas de jovens de periferia começaram a
promover encontros em shopping centers de São Paulo, em dezembro do ano
passado, os chamados “rolezinhos” viraram caso de polícia e ganharam
repercussão nacional. Além da discussão sobre a adequação ou não do local para
essas reuniões, os rolezinhos também levantaram outra questão: a relação entre
e inclusão social desses jovens e o consumo.
A palavra “rolê”
é uma gíria associada a dar uma volta e se divertir. Os primeiros rolezinhos
aconteceram em dezembro de 2013, organizados por cantores de funk, em resposta
à aprovação de um projeto de lei que proibia bailes nas ruas de São Paulo
(proposta que depois foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad).
Depois, MC’s passaram a promover encontros ao vivo
com suas fãs, seguidos pelos “famosinhos”, pessoas com milhares de seguidores
nas redes sociais, que também entraram na onda e levaram seus fãs do Facebook
aos shoppings. O objetivo era conhecer gente nova, ser visto, paquerar, se
divertir e escutar funk ostentação, gênero musical que mistura batidas de funk
a letras sobre consumo e marcas de luxo.
A situação que fugia da rotina habitual desses
centros comerciais causou pânico. Um dos primeiros rolezinhos aconteceu em 7 de
dezembro, no shopping Metrô Itaquera, zona leste da capital paulista. Convocado
pelo Facebook, o evento reuniu 6.000 jovens no estacionamento. Por denúncias de
furto e temendo um arrastão, lojistas acionaram a polícia e o shopping fechou
as portas mais cedo.
No dia 11 de janeiro, novamente no shopping
Itaquera, um grupo de mil pessoas que se reunia para um rolezinho foi reprimido
pela PM, que chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo, bala de borracha e spray
de pimenta. Houve correria, pânico e denúncias de furto.
Diante da divulgação de que ocorreria um rolezinho
no local, o shopping JK Iguatemi, um dos mais sofisticados da capital paulista,
conseguiu liminar na Justiça proibindo o acesso de menores desacompanhados e
multa para quem promovesse a mobilização. O encontro não chegou a acontecer,
mas a checagem de documentos pelos seguranças para evitar o acesso causou
polêmica.
Pela lei, nenhum tipo de estabelecimento comercial
pode adotar medidas de discriminação para evitar o acesso de pessoas. É
proibida qualquer seleção de consumidores a partir de critérios como raça,
origem social, idade ou orientação sexual. Caso o local tome esta atitude, pode
receber processos judiciais. O shopping pode adotar medidas de segurança, como
limitar o número de pessoas e coibir condutas ilegais como o uso de drogas e
violência.
Durante os rolezinhos de dezembro e início de
janeiro, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping contabilizou uma queda
de 25% no movimento dos estabelecimentos envolvidos. Com medo, muita gente
evitou esses lugares. Já o fechamento das lojas e a seleção nos shoppings
despertou um debate nacional sobre violência e segregação racial e social.
Houve até “rolezinhos de universitários”, protestos de manifestantes com viés
político que questionam as atitudes dos shoppings.
Fonte: UOL educação
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