Nesta semana, um novo ranking de universidades do THE (Times
Higher Education) mostrou, de novo, que as nossas universidades estão
mal. A listagem avaliou as instituições de ensino superior especificamente
do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros 17
países emergentes como Turquia, Tailândia e México. Nenhuma brasileira
está no topo da lista.
A USP, melhor do Brasil de acordo com o RUF (Ranking Universitário Folha), aparece em 11º lugar no novo ranking de países emergentes do THE (leia sobre isso aqui). No topo, há duas escolas da China: Universidade de Pequim e Universidade de Tsinghua. Os chineses, aliás, tem 23 universidades entre as 100 melhores do
grupo. O desempenho do Brasil é bem pior: há quatro brasileiras. Além da
USP, estão na lista a Unicamp (em 24º lugar), a UFRJ (60º) e a Unesp
(87º).
Por que a China vai tão melhor que o Brasil na avaliação de ensino superior?
Os especialistas em rankings e indicadores de avaliação são quase
unânimes em dizer que o nosso problema principal é não ensinar em
inglês. Ou seja: diferentemente de universidades de elite de países como
China e Turquia, por aqui as aulas são na língua local — o português. Isso afeta a quantidade de alunos e de docentes estrangeiros na
escola e de artigos científicos publicados em revistas de peso (que são
em inglês). Esses dois indicadores contam muitos pontos nesses rankings
SEM REAGENTE
Além disso, as universidades brasileiras têm problemas estruturais que fazem delas menos competitivas.
Por exemplo, os salários engessados e padronizados expulsam cérebros.
Na China, o governo tem atraído de volta cientistas chineses que tinham
migrado para outros países – além de contratar estrangeiros com altos
salários. Outro problema estrutural está nos laboratórios. Os cientistas do
Brasil têm dificuldades para importar até reagente, elemento básico em
pesquisa de bancada. Cada pedido pode levar quatro meses para chegar.
O que falta no Brasil é uma política nacional agressiva para que as nossas melhores universidades tenham nível world class, ou sejam, sejam as melhores da América Latina, as melhores dos países emergentes e que estejam entre as melhores do mundo. Isso a China já tem feito com sucesso há alguns anos. No Brasil, por
enquanto, o que temos feito é criticar os critérios dos rankings.
Fonte: Site do UOL
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