O desejo por pessoas
do mesmo sexo pode surgir bem antes da fase adulta. Com o tempo, meninos
e meninas percebem que o ‘normal’ é se interessar por pessoas do sexo
oposto. Mas, alguns se veem diferentes por não se sentirem assim e, por
isso, acabam ‘entrando no armário’. Muitos não se revelam por receio:
sentem-se sozinhos, rejeitados e com quilos de preconceitos. Inibem tais
sentimentos por medo de serem marginalizados, e acabam sofrendo com tal
opção.
É preciso deixar claro que os casos
homossexuais não nos contam sobre opções. É por isso que muitos julgam
incorreto o termo opção sexual. O certo seria dizer orientação, já que
tais pessoas são motivadas por um desejo que não controlam. Talvez valha
lembrar que orientação sexual não é só sexo. Existem sentimentos,
dificuldades e medos que vão além da conotação sexual. É uma atração
afetiva, emocional e não puramente sexual.
A homossexualidade teve sua condenação
histórica, já que toda manifestação sexual sem fins reprodutivos foi, e
ainda é, severamente condenada. Nisso, a religião exerceu grande papel
castrador no negativismo homossexual. Muito da informação que nos chega
sobre a homossexualidade é estereotipada ou corrompida. Ainda que nossa
sociedade já tenha evoluído em muitos aspectos, quando falamos sobre a
homossexualidade, ela se apresenta homofóbica, julgando-os como
promíscuos. É preciso rever tais ideias e respeitar os direitos de todos
os cidadãos.
A luta dos homossexuais é enorme para reverter esse
quadro. Eles buscam por respeito, mas, ainda assim, são alvo de
discriminações e vítimas de uma sociedade heterocentrada, que opera com
preconceito para não tratar de forma igualitária aqueles considerados
diferentes.
Mas, é preciso assumir, não só para a
sociedade, como para si e para a família. Às vezes, o próprio
homossexual é homofóbico, já que é muito difícil extinguir anos de
negativismo. Por isso, muitos acabam tendo uma vida dupla, pelo medo de
perder o amor das pessoas. Mas, poder assumir para si próprio é anular
preconceitos internalizados, ainda que haja um grande medo da revelação,
o que vai depender do ambiente, da história de vida e de como a própria
pessoa se aceitou. A aceitação varia de acordo com as mensagens que
foram recebidas. Mas não se cobre, sair do armário não é um ato único
que acontece da noite para o dia. Há quem prefira ir aos poucos.
Outro fantasma que ronda esse momento é a hora
de contar para os pais. Não existe um melhor momento para isso. Ou
melhor, o momento ideal é quando você está seguro e tem certeza daquilo
que quer e é. Mas, saiba que não há como prever a reação deles. Alguns
se ressentem de tal revelação e, como arma de combate, fazem da
dependência financeira um argumento para que os filhos mudem de
orientação. É preciso paciência pois o processo de assimilação pode
demorar anos.
Às vezes, se a própria pessoa já demora um tempo para se
auto-aceitar, os pais também podem não conseguir aceitar de uma hora pra
outra. São muitos os que se chocam com tal descoberta, e passam por um
momento de grande desgaste emocional. Eles vão precisar aprender com os
filhos o que acontece com eles, pois sentem como se estivessem perdendo
as projeções feitas ou o sonho de serem avós, por exemplo.
Outros pais
se preocupam com o preconceito social que o filho, por ventura, possa
vir a passar, já que ser minoria é se sentir marginalizado, muitas
vezes. Já, outros negam tal condição como uma forma de proteger-se das
mudanças. Mas, o mais importante a saber é que seu filho continua sendo a
mesma pessoa de antes, a única coisa que mudou é que agora você sabe
que ele é gay.
Saiba, também, que o seu filho não está contra
você, mas a favor dele. O filho de antes é o mesmo de agora. Não existem
culpados por isso, e ninguém fez nada de errado. É uma opção que os
pais farão: poderão escolher se querem continuar participando da vida do
filho, ou vão negá-lo somente por conta da sua orientação sexual. Os
pais podem precisar pesquisar sobre o assunto para entenderem melhor o
que está acontecendo com eles e com o filho.
Há também aqueles que vão procurar por um apoio
psicoterápico nesse momento. A psicologia trabalha, auxiliando no
caminho para a auto-estima e a auto-afirmação. Um trabalho que visa o
entendimento daquilo pelo que a pessoa está passando. Assim, a ajuda de
um profissional qualificado é de vital importância para combater as
rejeições.
Mas, desconfie de quem avisa que é possível curar a
homossexualidade, até porque tal condição não é uma doença, muito menos
um desvio psicológico. Ou seja, a psicoterapia é capaz de fornecer
suporte para uma boa aceitação e força para lidar com suas decisões. Não
significa apontar saídas, mas possibilitar a reflexão das opções para
que possa lidar de uma forma menos traumática com as pressões sociais.
Fonte: ABC da Saúde
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