Ainda sem perspectiva de cura, a Aids é uma das doenças que mais assusta o mundo. Não há nem remédio para a eliminação do vírus HIV nem vacina que torne as pessoas resistentes a ele.
Por outro lado, a prevenção é relativamente simples. O médico e escritor Ayrton Marcondes, autor de "Biologia e Cidadania" (Editora Escala), fala sobre doença, prevenção e outras dúvidas freqüentes sobre a doença.
O que significa a sigla Aids?
Aids quer dizer Acquired Immune-Deficiency Syndrome, expressão inglesa que pode ser traduzida por síndrome da imunodeficiência adquirida. Síndrome é conjunto de sinais e sintomas que constituem o quadro geral de uma doença. Imunodeficiência é a incapacidade de organismo de se defender de agentes infecciosos. Adquirida quer dizer que a AIDS pode ser contraída por contato com uma pessoa contaminada.
A Aids é recente? Há mais homens que mulheres infectados?
Sim, a doença era desconhecida até algumas décadas atrás. A Aids espalhou-se pelo mundo a partir do início dos anos 1980. No Brasil, após período inicial com número crescente de casos, a epidemia vem mostrando, desde 2002, tendência à estabilização. Há poucos anos o número de homens doentes era muito maior que o de mulheres com a doença. Dados de 2006 mostram aproximação do número de casos da doença entre os dois sexos.
Qual a diferença entre Aids e HIV?
Aids é a doença, e HIV é o vírus que a causa. A sigla quer dizer Human Immunodeficiency Vírus, ou, em português, vírus da imunodeficiência humana.
Como esse vírus age no organismo?
O alvo do HIV são os linfócitos T auxiliadores, que fazem parte do sistema imunológico - como se fossem soldados de defesa contra doenças. O HIV consegue invadir esses linfócitos e transforma o DNA desses "soldados" em DNA viral. Cada vez que essa célula se dividir o vírus se duplicará juntamente com o DNA viral.
E quais os sintomas da Aids?
Inicialmente, febre, perda de peso e aparecimento de gânglios inchados (ínguas); dores nas articulações, músculos e garganta; mal-estar geral e aparecimento de manchas vermelhas no corpo. Em alguns pacientes verificam-se ainda manifestações como dor de cabeça, alterações visuais e raramente, convulsões. Esses sintomas regridem espontaneamente, mas o vírus da AIDS persiste dentro de linfócitos e macrófagos, no sistema nervoso e em outras células do organismo. Destes tecidos o HIV passa lentamente para outras células.
E então?
Após algum tempo de infecção, a resistência do organismo começa a ser vencida. Surgem então sinais e sintomas relacionados ao vírus da Aids como febre diária, perda de peso, fadiga, suores noturnos e aumento persistente dos gânglios linfáticos. Em conseqüência da instalação do vírus no cérebro, podem surgir distúrbios de memória, alterações da fala e tremores.
Quanto tempo demora para a doença se manifestar?
Muitas vezes, a pessoa está infectada, mas o vírus está inativo. Tal situação prevalece até que, provavelmente numa ocasião de sobrecarga do organismo (doenças, cirurgia, gravidez), o HIV começa a se replicar.
O que são as "doenças oportunistas"?
Como o HIV destrói a capacidade defesa do organismo, algumas doenças "aproveitam" que o corpo está mais fraco e se instalam - por isso chamamos de "oportunistas". É o caso da Candida albicans, fungo causador da candidíase, ou "sapinho", comum em recém-nascidos e pessoas idosas ou debilitadas. Nos portadores de AIDS, o "sapinho" se caracteriza pelo aparecimento de extensas placas de aspecto esbranquiçado na língua e na cavidade oral e que às vezes chegam à faringe e ao esôfago. A Candida albicans pode também ser responsável por corrimentos vaginais, infecção da mucosa do pênis e das vias urinárias. Também é comum o aparecimento de herpes simples, uma virose que se manifesta pelo aparecimento de vesículas dolorosas nos lábios, região genital, ao redor do ânus e, raramente, espalhadas pelo corpo. Embora a infecção pelo vírus do herpes possa ocorrer em qualquer pessoa, em quem está infectado pelo vírus da Aids ela se manifesta com características mais dolorosas e persistentes.
Por que a Aids é tão temida?
Porque essas doenças oportunistas são umas das que podem atingir o doente. O quadro pode evoluir para freqüentes pneumonias, tuberculose, infecções por bactérias e fungos. A Aids também se relaciona com cânceres, como os linfomas, a doença de Hodgkin e o sarcoma de Kaposi. Este último é um tipo raro de tumor de vasos sangüíneos que se manifesta na pele onde surgem formações roxas ou avermelhadas. Pode também surgir nos gânglios, na boca, no estômago e no intestino.
Qual é o tratamento da doença?
O tratamento é feito com drogas que agem em etapas diferentes do ciclo do HIV. Mais recentemente têm sido testados inibidores da enzima que incorpora o vírus ao DNA das células humanas.
Como acontece a transmissão da Aids?
Principalmente por contato sexual, pela transfusão de sangue ou transplante de órgãos; pelo uso comum de agulhas e seringas; e de mãe portadora do HIV para o feto através da placenta ou, após o nascimento, pela amamentação.
Você pode explicar melhor a transmissão sexual?
O HIV espalha-se por via sanguínea e concentra-se nas secreções do corpo, principalmente no esperma e nos líquidos vaginais. Para que haja transmissão é necessário que um indivíduo contaminado passe o vírus da AIDS diretamente a outro indivíduo sadio. Por isso, a transmissão não acontece por contato social com pessoas infectadas pelo HIV.
Existe prevenção contra a Aids?
Além do uso de preservativos nas relações sexuais, outros meios são fundamentais na prevenção da AIDS: uso de seringas descartáveis e materiais cirúrgicos esterilizados; evitar amamentação por parte de mães infectadas pelo HIV; controle de doadores de sangue e de bancos de órgãos para transplantes; evitar contato com ferimentos de pessoas doentes pois seu sangue contém o HIV.
Fonte: educação.uol.com.br
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